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Branquitude, gênero e performatividade no discurso de mulheres brancas acadêmicas

Autor(a)

Eliana Sambô Machado

Resumo

O objetivo desta dissertação é investigar os discursos das mulheres brancas acadêmicas refletindo como elas se posicionam em relação às suas identidades sociais articuladas às suas vidas profissionais acadêmicas. Para tal, esta pesquisa se baseia no referencial teórico que entende a estreita relação que se estabelece entre linguagem e identidades, concebendo a linguagem como performativa, ou seja, pensando na realidade concreta, no seu uso e na sua ação determinada pela intenção de quem fala e pelo contexto caracterizado por certas normas e convenções. Para dar fôlego a tais discussões, trazemos uma abordagem conceitual ligada aos estudos raciais e de gênero que abordam, mais detidamente, a identidade racial branca ou a branquitude, compreendendo tanto a raça quanto o gênero como construções históricas e como categorias analíticas que têm existência social e linguística no mundo. As perspectivas que permitem pensar tais categorias dessa forma, se apresentam nos estudos da psicologia social (CARRONE&BENTO, 2002) e nos estudos de algumas teóricas feministas, como (1997), Pinto (2007), entre outras, que unem às suas pesquisas, corpo e linguagem, reinterpretando a Teoria dos Atos de Fala do filósofo Austin (1990). O intuito foi compreender, por meio de entrevistas com mulheres brancas acadêmicas da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, como suas identidades raciais- influenciadas por outros fatores-, como o de gênero, a escolaridade, a origem social e etc, atravessaram seus discursos que se centraram sobre suas trajetórias profissionais. As análises demonstraram que as mulheres entrevistadas estão influenciadas por aspectos biológicos e sociais das construções racializadas da identidade racial branca acadêmica, não enxergando o lugar delas como um lugar social influenciado pelas nossas escolhas de gênero e de raça. As análises revelaram ainda impasses nos discursos destas acadêmicas em relação às suas escolhas profissionais, pois prevaleceu uma perspectiva universal e heteronormativa que contribue para a hierarquização das identidades no espaço acadêmico.