Esta publicação sobre branquitude, a partir dos debates ocorridos
sob a coordenação do Instituto Ibirapitanga, reveste-se de muita relevância no momento político que estamos vivendo no mundo e no Brasil.
Como nos mostram os debatedores do encontro, tratar de branquitude é focalizar a violência racial incrustada nas instituições, a partir de um prisma relacional. Neste sentido, pessoas brancas, cuja responsabilidade nesta questão permaneceu por anos negligenciada, são trazidas para o centro do debate.
O foco no legado concreto e simbólico do segmento branco na história do Brasil e o seu impacto nas desiguais condições de vida de brancos e negros na atualidade, é imprescindível para redefinir este lugar da branquitude e enfrentar o racismo institucional.
É neste diapasão que os debates sobre violência racial, tão intensificados nos últimos tempos pelos assassinatos de George Floyd nos EUA e de Alberto Freitas no Brasil, levaram brancos antirracistas a se posicionarem publicamente no sentido do enfrentamento do racismo institucional.
Transformar a relação de dominação que caracteriza a branquitude, exige que brancos a reconheçam, desaprendam e desmistifiquem ideologias e histórias que os autorizam a colocar a população negra em posições socialmente subalternizadas.
Mais do que isto, exige uma redefinição de cidadania, onde se discuta a desigual distribuição de recursos, a questão da propriedade e as condições no mundo do trabalho. Desafios como falta de oportunidades de educação, falta de acesso à saúde, moradia e o racismo ambiental têm que ser debatidos, para que se alcance uma verdadeira transformação social.
O Instituto Ibirapitanga se propõe a contribuir com este processo e a realização do encontro mostrou-se um novo passo nesta direção.