Considerando a importância dos estudos das masculinidades nos debates da nação brasileira, analisaremos o romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, do escritor Lima Barreto, com o intuito de identificar como o dado da masculinidade vincula-se ao projeto nacional republicano do final do século XIX e início do século XX. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é demonstrar como a masculinidade nacional é constituída a partir dos sistemas representacionais sociais da branquitude e da negritude, identificando assim como diferentes sujeitos assimilam os modelos de práticas sociais do universo masculino. Para isso, faremos uma leitura crítica do romance enfatizando a posição dúbia do mestiço na malha racial nacional e sua conflitiva incorporação à masculinidade hegemônica a fim de identificar como os ideais nacionais são emulados e emparelhados aos discursos, conhecimentos e narrativas vinculadas à experiência do sujeito europeu, – etnicamente demarcado, vinculado ao polo da branquitude, enraizado no universo masculino e que tem a heterossexualidade compulsória como fonte principal do agenciamento do desejo.