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O branco-objeto em “Pass Over”, de Antoinette Nwandu.

Autor(a)

Alexandre de Oliveira Fernandes

Resumo

Com roteiro da premiada escritora Antoinette Nwandu e dirigido por Spike Lee para o Prime Vídeo, Pass Over, um híbrido de peça teatral e cinema, é releitura atual de “Esperando Godot” de Samuel Beckett e do Livro do Êxodo. O texto de Nwandu, ainda que se utilizando de poesia e humor ácido, coloca em tela representações de racismo antinegro, brutalidade, assédio e sadismo policial/branco e pode ser lido como metonímia da forma bizarra do desejo branco que constrói uma identidade para o sujeito negro. Não se trata de um filme à moda de Hollywood com “final feliz”, mas representação identitária de como é para os sujeitos negros viverem na colonialidade. Erigida pela branquitude, tal identidade negra resulta de uma irrupção epistêmico-voyerista, a colocar o sujeito negro sempre sobre a mira e a mirada branca, produto de luta agônica entre a episteme e a representação, entre a articulação e o ato de enunciação branco-colonial-racista. Ao ler a construção dessa identidade, o presente texto se interessa por desnudar o branco, tratando-o como branco-objeto de nosso olhar, o que significa dessacralizá-lo de um lugar de universalidade.