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O saber ainda é branco: as desigualdades no fomento da agenda climática

  • O mote do boletim é investigar a relação entre o fomento à pesquisa nos programas de instituições de ensino superior focalizados na agenda climática e ambiental e a temática da
    branquitude e suas estruturas de poder.
  • Dentre os quatro programas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) selecionados para a análise – Mudanças Climáticas, de Tecnologias Ambientais, de Biodiversidade e de Biodiversidade e Recursos Naturais -, três apresentaram maior percentual de pesquisadores brancos entre os meses de janeiro e setembro de 2023.
  • Conforme os dados percentuais sobre raça/cor constantes
    da base do CNPq, como esperado, a região Sul tem o maior
    percentual de pesquisadores bolsistas brancos contemplados
    pelas agências de fomento (80,4%). Contudo, a região Norte é a única de todas as macrorregiões com maioria de autodeclarados negros (51,8%).
  • Nos cinco estados com maior financiamento – São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco e Pará, nesta ordem, os homens brancos configuram o grupo que mais recebe verba. Com a adição do critério região, observou–se que homens brancos no Sudeste acumulam os maiores montantes de verba.
  • Considerando o mesmo conjunto de estados, apenas Pernambuco e Pará constam como representantes das regiões Nordeste e Norte, respectivamente.
  • São Paulo é o estado que mais recebe financiamento. Em específico, para homens brancos do estado de São Paulo, o financiamento recebido neste ano é 1,4 vezes maior do que o orçamento de toda a região Norte, onde há maioria de autodeclarados negros, como visto.
  • Rio de Janeiro e Distrito Federal são exceções, ao apresentarem mulheres negras como segundo grupo no montante de verba após homens brancos.
  • Em suma, negros integram a fatia populacional mais exposta aos efeitos da emergência climática e ambiental no país, ao mesmo tempo em que são subrepresentados na produção científica nesta área, recebendo menos recursos em prol da construção de soluções para a crise que assola, principalmente, esse grupo racial.
  • A promoção de justiça climática e ambiental ganha em escala e potencial à medida que a promoção da justiça racial alcança e transforma a composição do corpus de pesquisadores. A significância desse processo se encontra bem representada na efetividade das ações afirmativas no ensino superior.

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