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“POR QUE VOCÊ NÃO PEGOU MIGUEL OTÁVIO NO COLO?” BRANQUITUDE E NEGLIGENCIAMENTO DAS CRIANÇAS NEGRAS

Autor(a)

Amanda Massucci Batista

A presente pesquisa tem por objetivo analisar como a branquitude percebe as crianças negras, verificando quais caminhos são percorridos para a constituição do discurso de supremacia branca que culmina no negligenciamento dessas crianças. Trata-se de pesquisa qualitativa, baseada no estudo de caso da morte evitável de Miguel Otávio Santana da Silva, aos cinco anos de idade, em Recife/PE. No dia 02 de junho de 2020, Miguel Otávio, filho de Mirtes Renata Santana de Souza, ficou sob a responsabilidade de Sarí Mariana Gaspar Corte Real, então patroa de sua mãe, enquanto a empregada doméstica levava a cachorra da família para fazer suas necessidades. Ao buscar pela mãe, Miguel é deixado sozinho no elevador, desce no nono andar do edifício em que se encontrava, de onde cai e morre. A partir deste caso, realizo uma reflexão acerca do trabalho doméstico no âmbito do cuidado de crianças pequenas e bebês, que no Brasil é historicamente realizado por mulheres negras. Além dessa primeira reflexão, a pesquisa analisa o discurso de defesa de Sarí Corte Real em dois documentos jurídicos; uma entrevista realizada com a acusada no programa Fantástico da Rede Globo de televisão; e, comentários que defendem a ex-patroa de Mirtes Renata na rede social X (antigo Twitter). O conceito de branquitude é o principal eixo de tal análise e o referencial teórico utilizado considera a infância como uma construção social, além de partir da perspectiva de autores afrocentrados e/ou críticos ao adultocentrismo. Nos dados analisados foi possível encontrar elementos discursivos