Resumo
Esta pesquisa se situa na área dos estudos da Linguagem e investigou como as(os) alunas(os) negras(os) e brancas(os) de um colégio da rede pública estadual do Paraná expressam suas identidades étnico-raciais por meio da produção de relatos autobiográficos. Para tanto, foram elencados os seguintes objetivos: verificar se/quais conflitos de identidade racial aparecem nas produções de alunas(os) negras(os) e brancas(os); identificar o papel da escola e outras instituições e/ou meios na (re)construção da(s) identidade(s) raciais e analisar como uma SD com o gênero relato autobiográfico, com a perspectiva do letramento racial crítico e da educação antirracista pode contribuir para a construção da identidade étnico-racial. Os conceitos de raça na perspectiva sociológica foram retomados, trazendo a concepção de raça como uma construção histórica e cultural, a partir de autores como Gomes (2005, 2012); Guimarães (1999, 2011) e Munanga (1994, 1999, 2005, 2005) dessa área. Discuti branqueamento, branquidade e branquitude, embasada em autores da área da Psicologia como: Bento (2014); Piza (2005, 2014); Cardoso (2008; 2010; 2011; 2014) da área de Ciências Sociais. A concepção de identidade foi baseada em autores como: Hall (2011) e Moita Lopes(2002). Focalizei a construção da identidade de adolescentes e jovens, pois são os sujeitos desta pesquisa. A opção metodológica foi a pesquisa-intervenção, com a perspectiva do letramento racial crítico e a educação antirracista, com aplicação de uma SD, e o relato autobiográfico, que foi instrumento de geração de dados, assim como o diário de bordo. Da área de Linguagens, referenciei-me em autores como: Ferreira (2006, 2009, 2014, 2015) e Moita Lopes (1992, 2002, 2006). As (os) alunas (os) expressaram suas identidades étnico-raciais por emio dos relatos, partindo de recordações de como se deram conta de que eram negras (os) brancas (os). À medida que contaram se tinham pensado alguma vez sobre sua cor de pele, foram trazendo lembranças que as (os) fizeram ter a percepção de sua raça. Pela análise dos dados, foi possível observar alguns conflitos de identidade como o branqueamento e o discurso da hegemonia racial, contradizendo-se com afirmações de que a cor da pele influencia em como foram/são tratados. O papel da escola entre instituições e /ou meios que contribuíram para a construção das identidades foi reafirmada, reiterando a importância da educação para as relações étnico-raciais. Pudemos concluir com esta pesquisa que através de um trabalho na perspectiva do letramento racial crítico e da educação antirracista é possível ressignificar a branquitude, contribuindo assim para a formação de cidadãos críticos que possam construir um mundo menos excludente.