A dissertação propõe uma revisão crítica da obra madura de Marie Laurencin, situando-a no tumultuado contexto europeu da primeira metade do século XX. Apesar da solidez, sua obra foi interpretada como “graciosa” e “feminina”, visada que apenas reitera estereótipos de gênero. Proponho aprofundar a interpretação sugerida por alguns críticos, segundo a qual Laurencin estaria mobilizando a iconografia das festas galantes — expressão cultural da “civilização francesa” no século XVIII —, numa época em que a própria ideia de civilização entrava em crise, com os episódios traumáticos das duas guerras mundiais e a iminente perda das colônias africanas e asiáticas. Trata-se da investigação de capitais simbólicos da cultura visual, que ao mesmo tempo reflete