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“você não é branca, você é morena”: Reflexões acerca da formação e atuação docente para uma educação antirracista.

Autor(a)

Marcelha Quintiliano Pereira

Resumo

O presente estudo teve como objetivo refletir acerca dos mecanismos de manutenção
do racismo na formação institucional docente no Brasil por meio de uma análise autonarrativa
da minha trajetória formativa composta por família, igreja, escola, academia e atuação
profissional. Para atender às demandas deste trabalho autobiográfico, elegemos como suporte
teórico as ideias de Souza (2004) que traz abordagens acerca da importância das narrativas
docentes e as ideias de Paulo Freire (1970) com a pedagogia crítica–reflexiva e suas
aproximações com o Pensamento decolonial. Ademais, esta análise autonarrativa terá como
fio condutor as discussões raciais baseadas nas ideias de Almeida (2019) com a concepção de
racismo institucional e de Shucman (2012) com as discussões acerca da branquitude. As
percepções encontradas revelaram que as facetas do racismo atravessam a formação do
professor de diferentes formas como a naturalização da violência contra corpos negros, o
silêncio das discussões raciais no currículo educacional e a detenção de privilégios simbólicos
e materiais da população branca. Nesse sentido, fundada na perspectiva freireana de Educação
emancipatória, percebe-se que o racismo impossibilita o combate às desigualdades sociais e a
transformação social, mantendo o status quo na sociedade brasileira. Sendo assim, precisou-se
pensar em estratégias de combate a esse sistema de opressão e, fundamentada em Gomes
(2018) e suas ideias acerca da pedagogia da diversidade, aquela que considera raça, gênero,
idade e cultura chegou-se a alguns possíveis caminhos do antirracismo no Ensino Básico
como o da didática militante. Por fim, concluiu-se que os saberes adquiridos ao longo do
processo formativo docente dão novos sentidos à práxis pedagógica. A pesquisa resultou em
um produto educacional nomeado Almanaque Alfabetizador Afro-brasileiro baseado na
perspectiva antirracista constituído por atividades de alfabetização e reflexões referentes às
discussões raciais que contarão com intervenções, novas criações, contribuições e
reconstruções de nossos pares ao longo desse processo reflexivo-formativo.