Resumo
A disciplina das Relações Internacionais está intimamente relacionada com as hierarquias raciais. Entretanto, paradoxalmente, as dinâmicas da raça têm sido silenciadas nas análises do sistema internacional pelas teorias hegemônicas da área. Este artigo objetiva evidenciar os silêncios que concorrem para a perpetuação do racismo como eixo fundante da disciplina e afirmar a necessidade de introduzir a raça e a branquitude como categorias analíticas fundamentais no estudo das Relações Internacionais e das relações de poder no sistema-mundo. Este artigo tem sua base teórica nas epistemologias anticoloniais, pós-coloniais e decoloniais, porque estas permitem compreender como o padrão de dominação colonial fundado na raça e no gênero ainda segue em operação. Reconhecer as interações entre raça e poder é condição sine qua non para corrigir as deformações em leituras produzidas pela disciplina sobre o sistema-mundo e para viabilizar horizontes emancipatórios baseados em sociabilidades não hierarquizadoras.