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Mês da filantropia negra debate equidade racial no investimento social

Manuela Thamanai esteve na abertura do Black Philanthropy Month em Salvador

Foto: Acervo

Observatório da Branquitude

16 de agosto de 2024

Há mais de 20 anos, agosto é o mês da filantropia negra. Pela quarta vez, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), fomenta a discussão aqui no Brasil. Neste ano, estivemos no evento “Futuros da Filantropia Negra – uma homenagem a Martin Luther King e Nêgo Bispo”, ocorrido em Salvador – BA, em 8 de agosto. A Co-diretora Executiva do Observatório da Branquitude, Manuela Thamani, levou ao debate reflexões à luz da obra de Nego Bispo. 

Criado pela cientista social e porta-voz em equidade racial no mundo Jacqueline Copeland, o mês da Filantropia Negra ou Black Philanthropy Month (BPM) é um movimento mundial que envolve cerca de 60 países. Desde 2011, agosto é dedicado ao debate, reflexão e propostas de ações para a equidade racial no investimento social. Neste ano, o evento do GIFE teve como tema o afrofuturismo e o objetivo de impulsionar o papel das organizações negras e o potencial das iniciativas de doação e finanças comunitárias para um futuro melhor a comunidades negras e a todas as pessoas.

Nesse contexto, Manuela Thamani relembrou a ideia de “começo, meio e começo” de Nego Bispo e referenciando  “A Terra Dá, A Terra Quer”, falou das formas que o colonialismo tenta nos adestrar, ressaltando como isso é reproduzido pela filantropia em sua fala:

“Bispo, com sua sagacidade e poesia, coloca a ideia de adestramento e colonização como faces de uma mesma moeda, mecanismos de dominação que buscam controlar e oprimir. Diante dessa crítica contundente, eu pergunto a vocês: de que lado fica a filantropia quando não tensiona a branquitude? A filantropia, assim como o adestramento, pode ser uma forma de manipulação. Muitas vezes impõe seus próprios valores e agendas, ignorando as reais necessidades e desejos das organizações donatárias. É o que Nego Bispo chama de ‘produzir objetos de estimação e satisfação’. Para ser transformadora, a filantropia precisa romper com essa lógica adestradora. É preciso questionar os privilégios que regem o sistema filantrópico, e sua cadeia de tomada de decisão. Como disse Bianca Santana, ao evocar o conceito da Cida Bento, é preciso quebrar o pacto narcísico da filantropia.”

A realização do encontro na Bahia integra as iniciativas do GIFE de descentralizar as reflexões para o crescimento e a sustentabilidade do investimento privado para ações de impacto social, em todas as regiões do país. 

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