Resumo
O presente artigo trata da maneira como, na sociedade brasileira, as relações de alteridades se traduzem no discurso cotidiano atual, no que diz respeito às relações raciais. Tais discursos revelam, além da existência de uma base teórica racista profundamente enraizada, uma falta de consciência da realidade concreta da discriminação racial no Brasil e a persistência da ideia segundo a qual a sociedade brasileira não é racista. A análise qualitativa desenvolvida parte da visão de brasileiros afrodescendentes, estudada através de um questionário googledoc, tratado pelo Programa Iramuteq, e fundamentada nas teorias do círculo de Bakhtin em diálogo com Bourdieu. O estudo aponta de que modo a linguagem influencia as relações pessoais, especialmente como a palavra e suas valorações potencializam as tensões vividas entre grupos cada vez mais antagônicos.