Resumo
Para versar sobre a representação social no campo da Educação Superior, este trabalho traçou e analisou o perfil das e dos palestrantes de seis eventos acadêmicos realizados em 2020 por universidades públicas brasileiras. Buscou-se verificar de que modo o conceito de branquitude torna possível entender a realidade das relações e das interações acadêmicas em termos étnico-raciais. Uma das hipóteses foi a de que a intelligentsia brasileira é apresentada ou representada de forma quase exclusiva, mas sempre majoritária, por corpos brancos (ou de pele clara). Os resultados comprovaram a superexposição de pessoas brancas e pessoas de pele clara nas mesas de debates. Conclui-se que, em termos de representatividade, visibilidade e vocalidade – branquitude discursiva – os eventos invisibilizam outras presenças, perpetuando as hierarquias vigentes, ao mesmo tempo em que denotam comportamentos persistentes, embora nem sempre deliberados ou conscientes, que têm impedido a realização da justiça (social, cognitiva, epistêmica), em termos étnico-raciais, no Ensino Superior brasileiro.