Resumo
O artigo propõe uma reflexão sobre os impactos do racismo no cotidiano das crianças negras, que têm sua infância marcada pela miséria e pela violência do Estado capitalista. Ao avançar no debate e apresentar a intersecção entre classe social, os papeis de gênero e a questão étnico-racial no processo de reprodução das relações sociais assimétricas no Brasil, é possível identificar como as expressões do patriarcado e do conservadorismo se conectam com o racismo para justificar também a desigualdade social que atinge a infância e reduz as possibilidades de transformação da realidade deste grupo geracional. E, por fim, ocorre a problematização em relação ao lugar marginal do debate sobre relações étnico-raciais e os privilégios da branquitude na área do Serviço Social, bem como sobre o modo como isso destoa do projeto ético-político profissional orientado pela defesa intransigente dos direitos humanos.