À luz dos estudos críticos à branquitude e de perspectivas críticas sobre a colonialidade, o presente trabalho interpreta a maneira como o racismo influenciou a concepção da Universidade de São Paulo (USP) e analisa as referências ao ensino superior presentes nas agendas políticas de seus fundadores e da Imprensa Negra Paulista entre os anos de 1924 e 1937. A pesquisa foi elaborada a partir de dois conjuntos de fontes, o primeiro constituído por textos e discursos dos fundadores da USP e o segundo composto pelos jornais O Clarim da Alvorada, Progresso e A Voz da Raça. Verificou-se que em ambos os grupos o ensino superior esteve conectado aos seus respectivos ideais de nação definidos a partir de posições radicalmente distintas a respeito dos sentidos de raça, do lugar dos negros na sociedade brasileira e do papel da ciência ou da cultura douta na sociedade. A relação de proximidade com o Estado possibilitou que um desses grupos configurasse suas perspectivas na forma de uma instituição. A fundação da USP concretizou, aprofundou e institucionalizou a diferença entre eles constituindo-se como parte importante do processo brasileiro de construção social da raça nos anos 1930.